TVs do mundo inteiro exibem, em canais especializados (National Geografic, BBC, principalmente), cenas da vida animal, que captam a atenção de pessoas de todas as idades. A variedade de documentários é grande e os profissionais que os produzem viajam pelo Planeta, desvendando o comportamento dos seres vivos nos nichos mais desconhecidos, frequentemente, de forma espetacular.
Contudo, por mais diversificada que seja essa exibição, um espectador mais atento percebe que uma invariante se mantém: qualquer que seja a forma de vida, em qualquer lugar, em qualquer dimensão, a lei da sobrevivência se impõe. A busca por alimento, reprodução e domínio é a motivação dominante em todas as espécies. O gênero humano não constitui exceção.
Assegurada a sobrevivência e a reprodução, grande parte das pessoas vem empregando parte significativa de seu tempo, energia e conhecimento à questão do domínio. Do amplo e abrangente plano militar e político, ao limitado e restrito nível pessoal, a tentativa de impor-se ao outro segue a trajetória humana através dos séculos. Com o advento das armas atômicas e sua apocalíptica capacidade de destruição, os confrontos bélicos vêm sendo olhados com mais preocupação e controlados na medida do possível. Grandes embates, atualmente, passaram a desenvolver-se, de preferência, em campos virtuais, em acaloradas guerras, cuja munição são palavras e imagens.
Aproveitando as facilidades das mídias sociais, que se tornaram um fenômeno global com a internet, as pessoas hoje travam verdadeiras batalhas eletrônicas, tentando impor ideologias, credos e pontos de vista. Obviamente, a luta por alimento e sexo continua motivando e impulsionando a civilização contemporânea, mas isso parece sob relativo controle. O descontrole se evidencia nas longas batalhas virtuais.
Diferenças e preferências culturais, religiosas, sexuais, etárias, etc., propiciam armamento farto e permanente nessa guerra, que desconhece regras e fronteiras . Assim, quando a paz mundial, mais do que nunca, torna-se, pouco a pouco, uma possibilidade, a guerra de opiniões se dissemina de maneira incontrolável. As mídias sociais, evidentemente, não são causadoras desse conflito: as pessoas apenas aprenderam a utilizá-las para dar vazão a impulsos que provêm de um nível mais profundo e instintivo de sua natureza.
Porém, acredito que esse embate virtual poderá ser, pouco a pouco, arrefecer-se. Penso que, à medida que o homem conseguir evoluir mais socialmente, poderá aprender a colocar-se no lugar do outro quando desejar expressar seus impulsos, autocensurando-se. Assim, ao motivar-se pela empatia e pela compaixão, poderá utilizar as mídias sociais para aproximar ainda mais a humanidade, tornando o mundo um espaço mais amigo e fraterno.
Embora isso possa parecer utópico, tenho a convicção de que o cristianismo, que tanto mudou o mundo nos últimos dois mil anos, tem a receita que poderá transformar o gênero humano definitivamente. O pensamento cristão sempre destacou a alteridade, a tolerância e a compaixão. Com a ação vigorosa e consciente de pessoas e grupos idealistas determinados, esses ingredientes poderão acabar por prevalecer, vencendo o egoísmo nato que portamos e que tem sido o principal responsável pela distopia que vivemos na atualidade.
O Segundo Mandamento bem fala: “Ama teu próximo como a ti mesmo.” Isso carrega todo ensinamento que devemos ter pra um mundo melhor. Se eu amo meu próximo como a mim mesmo, irei em primeiro lugar, respeitá-lo enquanto ser humano, segundo enquanto opinião diversa a minha e devo exercitar a tolerância e diálogo com às opiniões divergentes, ao contrário do que se tem feito ultimamente. Paradoxalmente, as tecnologias que vieram para unir estão separando as pessoas, os tornando cínicas, raivosas e inconsequentes em sua maioria. Usar a tecnologia sim, mas sempre como ferramenta da humanidade, não como fuga.
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