Por muitos anos, a informação e, portanto, a formação de opiniões, esteve concentrada nas mãos daqueles que tinham o poder de controlar a mídia. Nesse tempo, a televisão foi ganhando espaço cada vez maior, suplantando as demais mídias. As famílias passaram a reservar um espaço nobre para o aparelho em suas casas. Esse espaço foi-se ampliando e, em pouco tempo, tornou-se comum a existência de vários aparelhos em uma mesma residência, criando redutos particulares e zelosamente preservados.
Com a globalização em ritmo cada vez mais acelerado, as pessoas, ao ligarem a TV, passaram a trazer o mundo mais distante para dentro de suas casas. Assim, o poder da mídia televisiva de formar opinião alcançou um nível tão grande que passou a preocupar enormemente estudiosos, educadores e líderes pelo mundo afora. Sem oferecer a possibilidade de interação, a TV se colocava como uma via de mão única, uma janela aberta para o mundo, mas direcionada de acordo com os interesses dos controladores desse meio de comunicação.
Contudo, o mundo mudou muito rapidamente nos últimos anos. A mídia impressa tornou-se quase irrelevante, a ponto de as bancas de jornal, hoje, virarem um lugar de visitação ocasional por sobreviventes da geração mais antiga. A radiofônica recolheu-se à função, cada vez mais ignorada, de tocadora de música. E com a popularização dos aplicativos, a TV aberta deixou de interessar às novas gerações.
Nesse cenário, percebe-se hoje um dramático esforço da mídia televisiva para manter-se como foco de interesse. Afinal, durante décadas, o setor captou, sem esforço, rios de dinheiro provindos de anunciantes ávidos por introduzir seus produtos no interior de cada lar. Com o desinteresse progressivo pela TV aberta (quem imagina crianças e jovens hoje gastarem uma tarde de domingo para assistir os velhos dinossauros que divertiam a antiga geração com suas gracinhas e atrações?), a necessidade de manter anunciantes tem levado essa mídia ao desespero.
Esse desespero tem-se traduzido, entre outras iniciativas, em despertar o interesse do público por meio da exploração de temas polêmicos, violentos e até escatológicos. Mas, ocorre que o público-alvo dessa comunicação também passou, rapidamente, por uma significativa transformação, que se tornou possível em decorrência das facilidades advindas do desenvolvimento da internet. O espectador passivo transformou-se em um crítico que, até pouco tempo atrás, só existia em discussões com pouquíssimo alcance.
Se as pessoas antes absorviam os conteúdos da TV como lactentes ávidos, hoje passaram a demonstrar rebeldia e a reagir com vigor insuspeitado, discutindo, emitindo opiniões e desaprovação por meio das redes sociais e grupos de WhatsApp. Milhões de espectadores passaram a perceber que um número muito reduzido de pessoas (frequentemente, de caráter discutível) conduziam , para o reduto familiar, conteúdos envolvendo pontos de vista muito particulares a respeito de temas relevantes, fazendo de suas produções uma forma de doutrinação. Meia dúzia de roteiristas de novelas, por exemplo, influenciavam o pensamento de toda uma sociedade.
Mas, esse ativismo eletrônico, dirigido não só à TV, mas a todas as manifestações sociais, acabou criando um outro fenômeno: um campo de batalha virtual, onde a proliferação de grupos, que defendem ideologias distintas, é tamanha e tão diversificada, que acabou gerando uma guerra onde os combatentes, longe de serem cavalheirescos, usam armas pouco recomendáveis, como, por exemplo, a divulgação de informações falsas (fakes verbais e não verbais), que chegam a ser muito convincentes e letais. Esse movimentado campo, bombardeado e incendiado permanentemente por inesgotável munição, tornou-se palco de novas formas de confronto, que merece uma discussão à parte.
Bom dia, professor:
Algumas observações:
– Em algumas camadas da população em nosso imenso e diverso país ainda tem forte influência do rádio e da mídia impressa. Dependendo da circunstância que você se encontra ela é sua opção. Quando eu trabalhava com comércio, eu escutava rádio o dia todo e creio que tem muitas profissões e profissionais que se encaixam no público-alvo do rádio.
– Mas sim, a revolução virtual é uma realidade, tanto que toda emissora e jornal impresso e rádio tem sua plataforma virtual, ao contrário que se dizia que o Televisão mataria o rádio, o cinema e o Teatro, mas o que vemos é tudo isso convivendo hoje tranquilo. Como uma terra de ninguém a internet deu espaço para todo tipo de informação: a verdadeira e a falsa. O fake news é uma realidade e mais do que nunca vai exigir que cada um esteja atualizado e com bases sobre os assuntos tratados senão vai ser tragado nessa enchurrada de informações em que somos bombardeados diariamente.
– Triste fenômeno disso também é a fake history e como professor de História é triste ver a História ser deturpada em nome de interesses escusos de grupos supostamente bem intencionados.
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O mundo virtual se torna tão atraente que muitos vivem somente nele… até mesmo tem ativistas que só se manifestam virtualmente…
Enfim, é um fenômeno novo e muito tem que ser analisado pra se ter um real panorama do uso da internet em nossas vidas
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