As escolas têm enfrentado grandes e sucessivos desafios ao longo de sua história, decorrentes das mudanças pelas quais a sociedade humana, inevitavelmente, passa. O modelo das instituições escolares, implicando organização, tempo de permanência dos alunos, currículos, hierarquia, apresenta uma variação diacrônica de acordo com a fase por que passa a sociedade em cada momento.
Hoje, quando se percebe uma transição da sociedade industrial para a do conhecimento, observa-se que a preparação dos alunos para o mercado de trabalho privilegia o conhecimento, já que eles têm que enfrentar inevitável concorrência, seja para fazer um curso técnico, seja para ingressar em uma universidade. Com isso, a preocupação com a formação humana de crianças e jovens tem ficado em um plano secundário e até mesmo totalmente desconsiderada em algumas instituições.
Algo semelhante se verifica nos cursos de licenciatura, responsáveis pela formação de professores. Neles, a maior parte do tempo é destinada ao estudo dos conteúdos específicos de cada área. Um tempo bem menor é reservado à didática e à metodologia e, praticamente, nenhum à preparação do educador como responsável pela formação dos alunos.
A concorrência entre as escolas, normal e necessária, acaba por reforçar esse modelo. Preocupadas em atrair alunos, muitas instituições escolares dedicam-se, com afinco, a divulgar seus resultados acadêmicos, explicitados em número de aprovações e primeiros lugares nos exames de acesso a cursos técnicos, universidades e empregos públicos. As famílias, interessadas no sucesso profissional dos filhos, acabam deixando-se iludir por estratégias de marketing , nem sempre honestas ou confiáveis.
Contudo, mesmo com dificuldade em nomear corretamente elementos fundamentais da formação, pais e mães manifestam, espontaneamente ou em pesquisas, o desejo de que a escola, além da formação acadêmica de qualidade, dedique também tempo ao desenvolvimento de aspectos relacionados à formação dos filhos. Esse desejo nasce da percepção de que, no atual modelo familiar, o tempo de contato entre filhos e pais é muito menor do que aquele que crianças e jovens têm diariamente com seus professores na escola.
Nesse cenário, cria-se uma dualidade, que chega a ser dramática para os educadores. Por um lado, há uma demanda formativa muito grande por parte dos estudantes e de suas famílias. Por outro lado, há uma evidente insegurança dos professores em trabalhar com valores, habilidades sociemocionais e transcendência, em tempos de significativas e rápidas transformações sociais, que os obrigam também a enfrentar novas questões, como gênero e homofobia, que não constituíam preocupação nas escolas poucos anos atrás.
Contudo, o novo cenário social, que não pode ser ignorado, pressiona as instituições escolares a definir seus princípios e valores, deixando-os claros para toda a comunidade escolar. Desse modo, considerando que os cursos de licenciatura, provavelmente, continuarão a desconsiderar a importância dessa nova realidade, caberá às próprias escolas preparar seus profissionais, a fim de deixá-los mais aptos, seguros e confiantes na construção do trabalho formativo, nesses tempos de novos e grandes desafios, tanto para as instituições escolares, como para seus educadores.
O importante é movimentar, mudar porque tudo é impermanente e perene. fluir como o fluir da vida.
Mas realmente é um desafio aliar conhecimento das matérias cobradas nos exames, com a reflexão dos valores da vida e construção da cidadania em tempos críticos.
Interessante é sempre dialogar com as partes envolvidas e sempre abrir cada vez mais as escolas e colégios, faculdades e universidades à comunidade.
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